sexta-feira, 31 de outubro de 2008

texto motivador para discussão sobre a corrupção



Foi feita uma leitura expressiva deste texto em sala de aula pela professora e os alunos. Devido à simplicidade de vocabulário e a corriqueira situação descrita pelo autor a discussão sobre a corrupção é enriquecida por tornar o tema mais próximo à realidade dos alunos.


Aula sobre corrupção



Por José Francisco Pacóla


- Papai, o que é corrupto?
A pergunta veio assim de chofre, sem preâmbulos, no café da manhã de sábado.
Esse menino anda vendo televisão demais, pensou, e só não reclamou imediatamente para a mulher porque ela havia saído para buscar as botas que levara ao sapateiro para conserto.
O menino tinha recém-completado nove anos e o homem, por alguns instantes, ficou dividido. Primeiro achou ruim uma criança dessa idade interessada em uma coisa dessas. Depois, raciocionou que, vivendo num país como o Brasil, seria bom mesmo que ele aprendesse logo. E seria melhor ele aprender em casa do que na escola, com os amiguinhos, que poderiam lhe apresentar uma visão corrompida da coisa.
Mas como explicar isso para uma criança? Mastigou calmamente um pedaço de mamão e tomou um grande gole de café para ganhar tempo e ordenar as idéias. Finalmente, medindo as palavras, começou:
- Filho, corrupto é alguém que oferece algo a outra pessoa em troca de alguma vantagem. Também é corrupto quem recebe algo para garantir alguma vantagem a outra pessoa. Entendeu?
- E isso é ruim, pai?
- É sim, filho. Corrupto é quem pratica corrupção. E corrupção é ilegal, é crime. É uma coisa que a gente não deve fazer porque não é uma coisa boa. Nunca devemos pedir nem aceitar alguma vantagem para fazer ou deixar de fazer alguma coisa.
O menino então começa a chorar.
- Papai, outro dia o Jefferson me deu três Bis em troca de eu deixar ele jogar no meu novo videogame. Quer dizer que eu sou corrupto?
- Não, filhinho, não é bem assim. Ele te deu um presente, para ajudar a te convencer a deixá-lo brincar. Errado seria se você tivesse exigido os Bis para deixá-lo jogar.
O pai enxuga as lágrimas no rosto do menino e continua.
- Você ainda é muito menino para entender isso. Mas a corrupção envolve principalmente o governo. Quando alguém paga alguém do governo para conseguir algo que não conseguiria normalmente, quando paga para tirar alguma vantagem.
- Suborno é a mesma coisa, pai?
- (Meu Deus, que menino precoce?) Toda corrupção envolve suborno, filho. Pode ser em dinheiro, mas pode ser também algum outro tipo de vantagem, um presentão caro, como um carro, uma viagem internacional...
- Pai, você é corrupto?
- Que é isso, filho? Quer levar umas palmadas? É claro que não! Que pergunta...
- É que aquele dia que o guarda parou você na estrada porque a mamãe tava sem cinto de segurança, você deu um dinheiro para ele não multar a gente.
- (Ai, meu Deus!!!) ? Não, filhão. Papai só deu um presentinho para o policial porque ele compreendeu que tinha sido um descuido da mamãe e desistiu da multa.
- E a mamãe, é corrupto?
- Corrupta!
- A mamãe é corrupta?
- Não, filho, só estava te corrigindo. Feminino de corrupto é corrupta. Mas sua mãe não é corrupta, não. Que idéia!
- Mas pai, quando vocês me levaram ao teatro, domingo passado, eu desci com a mamãe enquanto você estacionava o carro e a moça da bilheteria disse que só tinha lugar lá no fundo. Aí a mamãe deu um dinheiro para ela e a moça arrumou um lugar lá na frente.
-(Esse menino presta atenção em tudo!) Sabe o que é, filhão? A moça se enganou. Tinha lugar lá na frente, sim, só que era mais caro. Foi isso.
- Ah, tá. E o tio Pedro, é corrupto?
- (Ai, ai, ai. Isso é uma conversa entre pai e filho ou uma CPI?). Também não, filho. Mas por quê essa pergunta?
- É porque outro dia eu ouvi ele contando que foi numa festa de casamento, pôs 10 reais no bolso do garçom e foi o mais bem servido da festa...
- Sabe, filho, o tio Pedro às vezes vai em festa de gente muito pobre e dá um dinheiro para o garçom porque esse pessoal ganha muito pouco. Mas foi uma gorjeta, não foi um suborno. É diferente. Agora vai brincar, vai.
- Tá bom, tá bom. Mas pai, posso fazer só mais uma pergunta?
- É sobre corrupto?
- Não.
- Então pode.
- Pai, se a mamãe é a minha mãe, porque você tava beijando a empregada ontem?
- (Cospe, cospe) Imagina? Eu? Eu, eu só tava falando bem de pertinho com a Marilda, só isso.
- Posso perguntar pra mamãe, então?
- NÃO, NÃO!! Quer dizer, não é preciso. Sabe de uma coisa, filhão? Esquece isso e hoje à tarde vamos comprar aquela fita nova de videogame que você pediu. Se a tua mãe perguntar, fala que foi presente do tio Pedro.

site referência

http://www.oquevocetemavercomacorrupcao.com/

O endereço acima é do site de referência para este blog que foi criado para divulgar os trabalhos e projetos feitos pelos alunos da Escola Estadual Paes de Almeida durante a participação e desenvolvimento do plano de mobilização e sensiblização contra a corrupção.

O projeto tem por objetivo ajudar na prevenção a ocorrência de novos atos de corrupção e a conseqüente diminuição dos processos extrajudiciais e judiciais, por meio da educação das gerações futuras, estímulo a denúncias populares e a efetiva punição de corruptos e corruptores. O projeto visa atacar dois pontos fundamentais:
1º- acabar com a impunidade, ou seja, buscar a efetiva punição dos corruptos e dos corruptores, por meio de um canal real para o oferecimento de denúncias, e, o principal;
2º- educar e estimular as novas gerações, mediante a construção, em longo prazo, de um Brasil mais justo e sério, destacando-se o papel fundamental de nossas próprias condutas diárias a partir do seguinte principio, é preciso dar o exemplo. O primeiro passo para consecução do projeto está envolvendo a promoção, junto ao Ministério Público Brasileiro, de uma valoração especial das atribuições constitucionais da Instituição, estimulando o desempenho de atividades extrajudiciais. Evidente, como nada se constrói sozinho, é preciso envolver outras instituições, empresas e pessoas a se engajarem num projeto de longo prazo que enrede a sociedade em uma campanha de estímulo à ética e a honestidade dos cidadãos.